A maioria dos líderes, nas grandes organizações, tem contato com várias “tipologias” e metodologias de assessment de pessoas, por meio dos treinamentos providos pelas áreas de RH. Mas, talvez, o modelo mais clássico e antigo é o dos temperamentos humanos, usado desde a antiguidade, por Galeno e Empédocles.
No começo do século XX, Rudolf Steiner, e outros
pesquisadores revitalizaram o conceito e encontraram uma série de aplicações
práticas.
Se você está no papel de liderar pessoas pode ser
extremamente útil identificar esses temperamentos em si mesmo e nos seus
liderados. É razoavelmente simples a identificação do arquétipo e essa se dá a
partir da observação do dia a dia.
No nível físico temos aquilo que há de mais concreto no ser
humano: seus minerais, carne, ossos e músculos. Para efeito didático, imagine
um cadáver, inerte, frio, completamente sob a ação da gravidade e do tempo.
Passado algum tempo só restará aquilo que temos de mais mineral: os ossos. O
único processo presente é a entropia. “Do pó vieste, ao pó voltarás”.
Continuando com nossa imagem, em vez de um cadáver, agora
imagine um ser humano dormindo. O que mudou? Há vida, movimento (pouco),
processos acontecendo, respiração, crescimento, etc. Podemos medir os sinais
vitais.
A este estado podemos dizer que acrescentamos o corpo ou o
nível vital. Assim como uma planta se diferencia de uma rocha, este estado se
diferencia do anterior. Se extrairmos este nível, os minerais que estavam
coesos se desfariam. É este nível que mantém os minerais coesos e os processos
vitais internos funcionando. É ele que plasma e dá forma ao corpo físico.
Agora, o ser humano que estava dormindo, acorda! O que ele
ganha? Consciência, sentimentos, instintos, emoções, hábitos, etc. Este estado
que chamamos de anímico (de alma, “anima” do latim, ânimo, animado), está tão
distante do anterior, quanto os animais estão das plantas. E se pedirmos para
este ser humano nos contar sua biografia, veremos que ele tem sonhos, valores,
ideais, que ele é único e singular. O que os gregos antigos chamavam de Eu e já
não encontramos similar na natureza.
Nestes quatro níveis de ser humano vamos olhar com mais
cuidado os dois primeiros.
Voltemos ao nível físico. Neste existem três tipos básicos: o neurossensorial, o rítmico e o metabólico. Ou se você preferir, os tipos pícnico, atlético e o leptossômico (esquizoide).
Para o tipo pícnico, imagine o nosso ex-presidente Lula,
baixo, atarracado, pescoço curto. Para o tipo esquizoide (leptossômico), o
nosso ex-vice-presidente, o Marco Maciel, ou o chefe do Homer Simpson (Sr.
Burns), magros, altos, de pescoço longo, cabeça grande. Se tivéssemos uma régua
entre os dois, o atlético ficaria bem no meio. Para que serve isso? O conceito
tem sua utilidade em fisioterapia, educação física, ergonomia, etc.
Porém o mais importante é que não temos poder de ação sobre
esta constituição. Nossa estrutura óssea, por exemplo, para todos os efeitos
práticos, não muda. Nem há muitas maneiras de se ficar mais pescoçudo ou
cabeçudo.
Já no nível vital é onde se manifestam os temperamentos.
A palavra temperamento, por si só, já nos dá uma ideia do
seu significado. Ela remete a tempero. Algo que dá um gosto, um sabor peculiar
à comida.
Quando perguntei a engenheiros de uma usina siderúrgica o
que a palavra temperamento os lembrava, eles disseram “têmpera”. Processo que
também dá qualidade específica ao aço, a partir da quantidade de oxigênio que
se usa na sua fabricação.
Os temperamentos também são “qualidades” características que
se sobrepõem ao ser humano. Estas “qualidades” estão intrinsecamente ligadas ao
corpo vital, que é a própria energia de vida de cada um de nós. Que dá forma ao
nosso corpo. Que rege nossos impulsos mais viscerais e profundos. E são quatro
os temperamentos humanos básicos.
No nível anímico e do Eu também temos outras qualidades que
ajudam a equilibrar esta força mais “primitiva” e clara dos temperamentos. Não
vamos falar delas neste momento.
Os temperamentos são viscerais e, por isso, temos pouco
controle sobre eles. O Eu consciente pouco pode fazer com esta energia, mas
pode controlar e educar suas manifestações e comportamentos observáveis.
Ao longo da vida mudamos pouco os nossos temperamentos,
mudamos sim a forma como eles se manifestam através da autoeducação. Mas a
vontade, o impulso, ainda estão ali, dentro de nós.
Todos nós temos os quatro temperamentos. Olhe para os dedos
de sua mão. Assim como eles, temos um temperamento que é mais intenso, outro um
pouco menos, outro menos ainda, e, um quarto quase inexistente. Estes se
interagem e se complementam.
Estes quatro temperamentos estão representados,
arquetipicamente, também nas quatro estações do ano, nos quatro pontos
cardeais, nos quatro elementos, nas quatro estações da lua, etc.
Vamos começar pelo Temperamento Colérico
Nosso “amigo” colérico vive na ação. Ele quer realizar,
atingir seu objetivo. Faz de si mesmo a imagem do herói. Se você pede para ele
te contar o que aconteceu no fim de semana, ele vai contar a história de um
problema que resolveu, ou um desafio que venceu.
Fisicamente ele tem duas características bem marcantes. Os
olhos cheios de fogo (fogo é seu elemento) faíscam quando contrariados e um
andar de passos firmes; costuma bater seu calcanhar no chão. Na praia é fácil
identificá-lo. Ele vai caminhando e deixando as marcas de seus calcanhares. O
tipo puro, se existisse, seria um baixinho “invocado”.
Tronco grande para o tamanho das pernas, ombros largos, pescoço
curto, testa alta. Vai em direção ao seu objetivo sem prestar muita atenção ao
que acontece ao redor.
Vamos encontrar grandes líderes na história com este perfil colérico. Napoleão talvez seja o tipo mais conhecido. É possível ver sua cólera saindo pelos olhos.
Como todo bom colérico, conheceu a derrota pelo excesso de
confiança e por não ouvir as pessoas.
Apesar de todos os conselhos contrários,
invade a Rússia com 800 mil soldados da Grande Armée. E, derrotado, retorna a
Paris com apenas 35 mil. Perde o trono e a liberdade ao se propor uma tarefa
que estava além do seu limite e ao da França.
Na política brasileira, a presidenta Dilma e o ex-presidente
Fernando Collor são bons exemplos de coléricos.
Nas organizações encontramos muitos coléricos em posição de
liderança. Já que eles decidem, vão sendo promovidos até atingirem seu nível de
incompetência.
Os coléricos são capazes de ter uma grande discussão com
você. Aos berros insulta e, depois, no momento seguinte, te trata como se nada
tivesse acontecido. E para eles nada aconteceu mesmo.
Como lidar com coléricos? Algumas dicas:
Não abaixe o olhar para ele. Não é fácil com aqueles olhos
fuzilantes. Mas se você o fizer, ele pode perder o respeito por você.
Enfrente-o, mas sem brigar. Olhe nos olhos dele, coloque
seus pontos de vista calmamente e com firmeza. Fale num tom um pouco mais baixo
que o dele. Se não, ele vai subir o tom e logo vocês estarão gritando.
Não tenha medo do chilique que ele possa dar. Ele esquece
rapidamente e o mais provável é que ele passe a respeitá-lo mais. E se não
mudar de opinião na hora, ele mudará depois, quando se acalmar.
Certa vez, uma multinacional me chamou para conduzir um team
building com um grupo de RH.
Cheguei para a primeira reunião e lá estavam o
diretor e o gerente de RH. O diretor disse que a área de RH estava com alguns
pequenos problemas de clima, conforme pesquisa realizada pela empresa.
Pedi
para olhar a pesquisa e era uma “tragédia”; a área era a pior avaliada na
organização. O gerente de RH disse que, além de trabalhar a pesquisa, gostaria
de fazer o planejamento estratégico da área (tudo em um dia). Disse que achava
difícil trabalharmos os dois temas num mesmo dia, e que precisava fazer algumas
entrevistas de diagnóstico para desenhar o programa. Ele concordou e, no dia
seguinte, lá estava numa sala, a minha primeira entrevistada.
Começo a conversa com a moça, contando os objetivos da
entrevista, garantindo a confidencialidade.
E, na primeira pergunta, a moça
começa a chorar: “Eu não aguento mais trabalhar aqui. Ele humilha a gente em
público. Se você faz hora extra, ele diz que estamos roubando a empresa”. Ela
descreve uma série de situações do mesmo tipo.
Vem minha segunda entrevistada e a história se repete. Chega
um terceiro caso, um homem, que se senta e, sem nem dizer nada, já começa a
chorar. E contou a mesma história.
Liguei para o diretor e contei para ele o quão grave era a
situação, que talvez não fosse caso para team building. Ele me disse: “Não
Jaime, ele está há muito tempo com a gente, precisamos tentar recuperá-lo”,
etc. e tal.
Alguns dias depois, o gerente compareceu para a reunião de
devolutiva das entrevistas e para a apresentação do programa. Logo que entrei
na sala, o diretor disse que não poderia participar e saiu fininho. E ficamos
sozinhos, eu e nosso amigo colérico. Propus que lêssemos o relatório juntos. Eu
havia levado a essência do que ouvi, sem identificar quem disse o quê.
A cada frase que ele lia, mais vermelho e bravo ficava:
“Onde já se viu isso! Dizer que não valorizo as pessoas! Fulana entrou aqui
como analista júnior, hoje é supervisora. Beltrano, mandei para a Inglaterra
para passar um ano num programa de treinamento. Sabe quantos aumentos de mérito
eu dei este ano?…” Tudo o que ele relatava era verdade. “Os indicadores da
minha área são os melhores da empresa…”.
Depois de umas duas horas de conversa, ele mostrava-se
resistente e completamente avesso a assumir qualquer responsabilidade. Eu olhei
bem nos olhos dele e calmamente disse: “Sabe qual é o verdadeiro problema?”.
“Não”, disse ele. “O problema é que você não é capaz de mudar. Estes
comportamentos aqui descritos, você sabe que não pode tê-los. Não se trata das
pessoas serem ingratas ou sensíveis demais. Trata-se da sua falta de capacidade
de mudar este estilo”, completei.
Fez-se um silêncio… E ele bateu com a mão na
mesa e disse: “Se eu quiser, sou capaz sim! Por que você acha que não sou
capaz?”. E a conversa prosseguiu.
Na semana seguinte, na abertura do team building, ele abre
os trabalhos dizendo: “Pessoal, tive uma conversa com o consultor depois das
entrevistas. Passei aquela noite sem dormir, pensando na maneira como eu lidero
vocês. Cheguei a uma conclusão – preciso mudar! E preciso da ajuda de vocês
para isto”.
Seis meses depois, ao olhar as pesquisas de clima, o
resultado da área de RH foi o melhor da empresa. Quando acontecia alguma coisa
que não deveria, o gerente continuava sentindo vontade de enforcar um? Sim, o
temperamento continuava lá, mas ele não fazia nada no momento. No outro dia,
chamava a pessoa para conversarem sozinhos, em vez de dar uma bronca em público
e no calor do momento.
Coléricos são movidos a desafios. Se você fizer com que esta
energia se volte para o autodesenvolvimento, são capazes de mudanças profundas.
Portanto, se quiser motivar um colérico, desafie-o. Outra coisa é dar-lhe tarefas que estejam um pouco além das suas capacidades, para que ele desbaste suas garras e descubra que precisa de ajuda.
Sanguíneo
Seu elemento é o ar. Andar saltitante, leve. Olhos vivos,
interessados, com um rosto muito expressivo. Extrovertido, vive fora de si.
Suas qualidades são agilidade, flexibilidade, inovação. Se você lhe pede uma
ideia, ele lhe dá cinco. É aquele tipo que lê a orelha de um livro e sai dando
palestra. Inteligentes, rápidos, conhecem todo mundo, são amigos de todos.
Difícil conflitar com eles; são muito escorregadios.
Distraídos, cheios de interesses dos mais variados. Nossa
sociedade hoje é muito sanguínea, por isso é tão valorizada. Faz várias coisas
ao mesmo tempo. É a última a chegar na reunião e a primeira a sair. Uma boa
imagem do tipo sanguíneo é o estereótipo do brasileiro: amigável, criativo,
flexível, festeiro, dá um jeitinho em tudo. Deixa tudo para última hora, não
planeja.
Eu estava em um hotel resort em Santa Catarina e li, em uma
revista, algumas dicas para estrangeiros no Brasil: Não chegue no horário no
Brasil, não é de bom tom, chegue cinco minutos atrasado, no mínimo. Nós podemos
ficar bravos com este estereótipo, mas não há como não ligá-lo à nossa
realidade. Se seu amigo marca uma festa às 8 horas da noite, na casa dele, e
você chegar exatamente às 8, corre o risco de encontrá-lo de roupão.
As obras de mobilidade urbana não ficaram prontas para a
Copa. Não tem problema, decretamos feriado no dia!
Na política brasileira, Lula é o presidente mais popular da
história do país, ele tem muito de sanguíneo.
O PAC 1 emperra, a gente lança o PAC 2. Os companheiros
Netanyahu e Ahmadinejad estão em conflito, a gente vai lá e faz um acordo. É
igual no sindicato em São Bernardo. Se não há sanguíneos na sua equipe, não se
tem inovação, bom humor, leveza. Se você não tem “sanguinidade”, não gosta de
mudanças, de fazer diferente, de conhecer pessoas.
Como lidar com este tipo?
A princípio não dê tarefas de longo prazo e só faça
follow-up no final. É provável que ele não tenha feito o que você pediu e ainda
te convença de que o que ele fez no lugar foi muito melhor.
Dê-lhe atividades diferentes, liberdade para inovar. Procure
conhecê-lo muito bem em termos pessoais. Quando você atravessa essa primeira
capa de superficialidade e faz um contato mais profundo, perceberá que eles são
capazes de desenvolver admiração genuína pelas pessoas.
Fleumático
Qual o povo famoso no mundo pela fleuma? O inglês.
A fleuma britânica é lendária!
Há um filme de 1964, chamado “Zulu”, que retrata um episódio
real do século XIX. Nele, um forte inglês é cercado por milhares de guerreiros
zulus que atacam com fúria devastadora. E os soldados ingleses, organizados em
diversas linhas com profundidades diferentes, vão atirando, um após o outro, no
mesmo ritmo. Enquanto um atira, o outro carrega as armas. Metodicamente, por
horas a fio.
A única coisa que os faz parar? Hora do chá! Algumas linhas,
organizadamente, sem pressa, tomam seu chá, enquanto os outros continuam com
seu trabalho. Até todo o exército Zulu estar morto. Isto é fleuma!
Em Londres, no dia seguinte às explosões terroristas de 7 de
julho de 2005, todas as estações estavam funcionando. As pessoas iam calmamente
para seu trabalho. Já imaginou a seguinte cena aqui no Brasil ou na Itália: A
orquestra do Titanic tocando suas músicas, enquanto o navio afunda?
A fleuma britânica derrotou Hitler, que fez com que a força
aérea alemã atacasse a população britânica, esperando que ela ficasse
aterrorizada. E é claro, apesar do bombardeio, continuou seguindo sua rotina
normalmente.
Pessoas fleumáticas ou que têm fleuma possuem um andar
pesado e ritmado. Olhos amigáveis, cara simpática. Tendem mais para o
sobrepeso. Seu lema é “devagar e sempre”. Aí está sua força. São capazes de
manter um esforço constante, por um longo tempo. Geram resultados sólidos e
consistentes. Diante das crises, mantêm a calma e seguem o seu ritmo.
Há grandes líderes da história com características
fleumáticas. O Marquês de Pombal é um deles.
Logo após o terremoto de Lisboa,
que matou um terço de toda a população lisboeta, correram ao marquês e perguntaram:
“E agora?”. Ao que ele respondeu calmamente: “Enterraremos os mortos e
cuidaremos dos vivos”. Simples assim!
Sobre Luís XIV, o maior rei que a França já teve, dizem que era possível ajustar o relógio de acordo com o que ele estava fazendo. Seguia uma rotina incansável.
Na política brasileira, o ex-presidente Fernando Henrique é
um bom exemplo de fleumático.
Fleumáticos são bons ouvintes, observadores, bem humorados e
os ritmos do corpo são muito importantes para eles. Se quer deixar um fleumático
irritado, basta atrasar o horário de almoço.
Como lidar com um fleumático?
A primeira dica é não tentar acelerá-lo! É contra produtivo.
Ele vai se atrapalhar. Dê uma tarefa com horário pré-determinado e de
qualidade. No horário combinado ela estará pronta. Se você ficar fazendo
follow-up, ele vai se atrapalhar e não vai conseguir.
Eles gostam de ritmo/rituais, isto os fortalece. Marque
reuniões de monitoramento com antecedência, tenha uma rotina com ele.
E cuidado! Fleumáticos são muito calmos e tranquilos, mas a
ira fleumática é devastadora. Se você encher muito o “saco” dele, mas muito
mesmo, corre o risco de ver uma explosão descontrolada.
Estes assassinatos que
acontecem, em que o indivíduo mata, corta em pedacinhos, sai com o corpo numa
mala, calmamente, e volta como se nada tivesse acontecido, geralmente foi um
fleumático irado que cometeu.
Melancólico
O elemento do melancólico é a terra. Isto lhe dá peso,
densidade.
O tipo puro (para efeito didático) teria ombros caídos, andar arrastado, olhos tristes, aparência envelhecida.
O tipo puro (para efeito didático) teria ombros caídos, andar arrastado, olhos tristes, aparência envelhecida.
A grande qualidade do melancólico é a profundidade. Enquanto
nosso amigo sanguíneo leu a orelha do livro para dar a palestra, este leu dez
livros. Se for para falar por cinco minutos, ele está preparado para falar por
horas.
É pessimista, ótimo para ver tudo que pode dar errado
naquele projeto. É muito crítico consigo e, em consequência, com os outros e as
coisas. Faz diagnósticos como ninguém, gosta de encontrar a causa raiz do
problema.
Não se contenta com os sintomas. É capaz de grandes
sacrifícios e dedicação a alguém ou a uma causa.
Tem poucos amigos, mas é extremamente leal aos que tem e os
mantém por toda a vida.
A cultura japonesa tem fortes traços de melancolia. Político japonês quando pego em corrupção, se mata. No Brasil, foge para Riviera com a amante e volta a ser candidato quando esquecerem o escândalo.
Nas famílias japonesas, o filho mais velho se sacrifica para
que os demais estudem. Da mesma forma, portugueses e argentinos têm muito desta
qualidade melancólica.
Como melancólicos famosos, temos Chopin e Madame Curie. A única mulher a ganhar dois prêmios Nobel, Madame Curie continuou sua pesquisa com a radioatividade, mesmo sabendo que isso a estava matando.
Quando você passar mal, sozinho, naquele sábado de
madrugada, com seus cálculos renais, vai precisar de ajuda. Você vai ligar para
seu amigo colérico e o telefone estará fora de área, já que ele foi acampar.
Seu amigo sanguíneo não vai entender o que você está falando, pois o som da
casa noturna em que ele está é muito alto. Seu amigo fleumático não vai
acordar, está dormindo profundamente.
Quem vai te levar para o hospital? Sim, é
ele, o leal melancólico. Apesar de reclamar um pouco no caminho.
Líderes melancólicos são ótimos para nossa aprendizagem.
Pegam todos os erros que cometemos nos nossos relatórios. Para ele, o relatório
sempre pode ser melhor. Se você for o liderado, uma dica, não dê “chute” nas
respostas ou resultados. Se você não tiver consistência no que diz, ele vai
perder o respeito por você. Falar um número hoje e outro amanhã é a morte.
Não tente alegrar melancólicos, eles não gostam. São movidos
por sacrifício e por dever. Convoque-o para algum sacrifício e ele vai dar o
melhor de si.
Retomemos agora o que foi abordado até aqui.
Como dito no início do artigo, os quatro arquétipos, na sua
forma pura, não existem. Todos nós temos os quatro temperamentos. Um mais
preponderante, o outro um pouco menor, um terceiro menor ainda e o quarto
residual.
São quatro forças viscerais que advêm da nossa vontade. É
importante esclarecer que temperamentos não determinam comportamentos. Supomos
que seu carro foi fechado enquanto dirigia; você saiu para tomar satisfações e
levou uma baita surra. Espera-se que, na próxima vez que for fechado, você não
saia do carro, mas a vontade estará lá.
A forma como o temperamento se expressa pode e deve ser educada ao longo da vida.
Mas, ao conhecer melhor o seu temperamento, será mais fácil
entender o seu padrão de pensamento e de ação, mais provável e/ou natural, em
determinadas situações. Assim, você poderá mudar o padrão, de acordo com a
situação específica.
O temperamento, em si, mudamos pouco ao longo da vida.
Crianças tendem a ser mais sanguíneas. Conte uma história
para uma criança e observe o seu rosto se transformando a cada cena, preenchido
de “sanguinidade”.
Adolescentes tendem a ser mais coléricos. Adultos, mais
melancólicos, e, idosos, fleumáticos. Se você quiser provocar um motim no
asilo, mude o horário da refeição. Ou, chegue atrasado para a macarronada da
nona no domingo.
À medida que envelhecemos, vamos ganhando certo
distanciamento das coisas. Mas, Rudolf Steiner resume bem o desafio que temos.
Ele diz que, devemos estudar como um melancólico, nos interessar pelo mundo
como um sanguíneo, fazer as coisas como um colérico, e, enfrentar as
vicissitudes da vida como um fleumático.
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