Dubito Ergo Sum (Duvido
Portanto Sou)
“A maioria das decisões não
são tomadas a clara luz do dia mas no crepúsculo da probabilidade” dizia John
Locke no seu Ensaio Sobre o Intelecto Humano (1690).
Essas palavras continuam
actuais: são poucas as escolhas lúcidas imediatas e sem dúvidas.
Cada escolha comporta uma
renúncia e para postergar essa sensação de perda é que há uma tendência para
adiar a decisão. Essa é uma atitude muitas vezes criticada, entretanto há
situações em que a indecisão se transforma numa aliada preciosa.
A indecisão é o contrário da
arrogância de quem acredita que tem tudo sob controlo.
A indecisão frequentemente faz-se acompanhar por insegurança, baixa auto-estima e medo do julgamento dos outros.
Nas relações de amizade ao
decidirmos impulsivamente perde-se a possibilidade de explorar a dúvida e
dividi-la com outros.
No amor pedir ajuda e
conselhos pode ser sedutor, pois solicita a atitude de protecção.
No trabalho, a incerteza é
considerada um defeito, na sociedade orientada para o decidir, deveríamos
aparecer como “espertos decisores”. A rapidez de acção parece indispensável
para subir na carreira e receber a aprovação dos colegas. Na realidade
desacelerar e dar voz às dúvidas pode ser uma vantagem na vida profissional.
A pressão social influi
quase sempre em nossas decisões, consciente ou inconscientemente. Mesmo quando
pensamos que estamos a tomar uma decisão própria poderemos estar sendo
contaminados pela opinião de outras pessoas.
É saudável nas situações em que influência a tomar decisões relacionadas com o bem-estar, vantagem ou prazer pessoal.
Torna-se negativa se for contra o desejo pessoal ou impede o pleno desenvolvimento físico e psicológico, prejudicando ambições e objectivos.
Na tomada de decisões,
devemos estar sempre atentos ao efeito dominó que tanto pode ser bom ou mau
dependendo da situação e do contexto. Será mau se a decisão trará prejuízos
futuros, se apresentar eventuais riscos ou ainda se não representar o desejo de
escolha por interesse e por motivação própria. Pode ser bom quando leva a
pessoa a decidir por uma alternativa favorável, que lhe trará benefícios
futuros e no caso de se apoiar na escolha de alguém com maior experiência ou
com conhecimento da situação.
No caso de tomarmos uma
decisão para nos sentirmos incluídos num grupo, o importante é termos
consciência disso e agirmos com prudência, sem correr riscos ou eventuais
prejuízos. Para ter mais certeza é preciso avaliar com muito cuidado as
motivações que nos levam a essa escolha e as possíveis consequências futuras.
Para não decidir só por imitação convém analisar bem o problema antes de decidir e sempre tentar perceber a motivação interna, avaliar as possíveis consequências futuras procurar imaginar como nos sentiríamos na situação escolhida.
As pessoas mais competitivas
podem eventualmente tomar decisões mais impulsivamente. É necessário repensar e
estar atento, pois a emoção ajuda a tomar decisões envolvidas em incerteza.
Diante da tomada de decisões,
é necessário que se respeite o ritmo pessoal, o tempo, o estilo de vida, a
maneira de ser. Devemos ter sempre a consciência do nosso momento de vida e da
motivação que nos impulsiona a uma tomada de decisão. Nem sempre o que é bom
para um o é para o outro, no mesmo momento.
A forma mais adequada de
sabermos se uma decisão é a mais correcta para nós está relacionada com a
maneira que decidimos. Se decidimos fazendo uma boa análise do problema sempre
em relação às necessidades próprias, recolhendo opiniões de pessoas confiáveis,
atentos às possíveis consequências e se sentimos intuitivamente que estamos no
caminho certo, a probabilidade que a nossa decisão final esteja correcta é
maior.
Concluindo: Há muitos
factores psicológicos que podem influenciar o comportamento numa tomada de
decisão. Motivação, necessidades, crença e atitudes, aprendizagem, percepção e
imitação podem direccionar a decisão.
O mecanismo de escolha na
tomada de decisões é primeiramente regido pelas necessidades básicas da pessoa
e influenciado pelo contexto e pelos factores sócio-culturais.
Dependendo da personalidade
de quem decide esses factores influirão de maneira diferente.
Antes que a acção seja posta
em acto, há um trabalho interior: pensamos, lembramos do passado, esperamos uma
consequência, julgamos, voltamos a julgar e decidimos num processo
frequentemente automático e muito veloz.
Antes de agir precisamos
experimentar, valorizar e julgar. O processo de decisão inicia sempre com um
“querer emocional” ao qual pode se seguir o “querer racional”. O primeiro
impacto com a realidade é sempre emocional. O que nos toca é inicialmente sentido
e depois eventualmente racionalizado. Há portanto uma interacção entre
afectividade e racionalidade na escolha.
Tomar decisões implica em
escolher e escolher implica em perder coisas! Na vida temos que optar e
escolher. Toda a vida é controlada por decisões. Não devemos ter medo de
escolher. Para decidir com sabedoria há que se avaliar as probabilidades dos
resultados possíveis e fazer-se uma avaliação desses resultados.
Há que haver integração
entre afectividade e racionalidade. Usando a razão, a experiência e a intuição
provavelmente a decisão será a mais adequada.
Uma pessoa insegura terá
maior tendência em tomar decisões por influência de um amigo ou parente,
enquanto que uma pessoa com uma personalidade mais estruturada, com uma
auto-estima mais elevada decidirá por desejo próprio, segundo a sua vontade e
em benefício próprio, sem se importar com a opinião de outras pessoas.
É diferente quando uma
decisão diz respeito a um casal, nesse caso as decisões devem ser
compartilhadas para agradar a ambos. Há que haver uma negociação para que
nenhum dos dois se sinta prejudicado e para que aja um consenso final.
A possibilidade de fazer
escolhas representa o “exercício” de um dos nossos bens mais preciosos: a
liberdade de decidir quais rumos seguir e, desta forma, boa parte do nosso
futuro.
A decisão representa no fundo um “florescer” da nossa consciência e fazer a coisa certa no momento certo é um pacto de reconciliação com a nossa própria natureza.
A decisão representa no fundo um “florescer” da nossa consciência e fazer a coisa certa no momento certo é um pacto de reconciliação com a nossa própria natureza.
Dúvidas Inteligentes
1. Posso delegar parte da minha escolha?
2. É mesmo necessário agir agora?
3. Já enfrentei situações semelhantes?
1. Posso delegar parte da minha escolha?
2. É mesmo necessário agir agora?
3. Já enfrentei situações semelhantes?
http://www.psico-online.net/psicologia/decidir.htm
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