A organização de tarefas é uma das mais conhecidas técnicas
de administração do tempo.
(Por Fernando Colella)
Dwight D. Eisenhower foi um general de cinco estrelas
do Exército Americano que se tornou o 34º presidente dos EUA em 1953,
permanecendo no exercício de seu mandato até o ano de 1961. A ele é atribuída a
seguinte frase: “O que é importante é raramente urgente, e o que é urgente
é raramente importante”.
A organização de tarefas, classificando-as como urgentes ou importantes, é
uma das mais conhecidas técnicas de administração do tempo, a matriz
urgente-importante. O conceito, conhecido como “Princípio Eisenhower”,
foi reproduzido pelo Dr. Stephen R. Covey em seu famoso livro “Os
7 Hábitos das Pessoas Altamente Eficazes”.
Como o título sugere, Covey nos apresenta sete hábitos
compartilhados porpessoas
bem sucedidas em sua pesquisa, que contempla 200 anos de literatura
sobre o sucesso. É no terceiro hábito (“primeiro o mais importante”) que o
autor trata da priorização daquelas atividades mais alinhadas aos nossos
valores e propósitos. Apenas podemos gerenciar nosso tempo e nos tornar
mais assertivos em nossas ações, se soubermos priorizar o que é importante, em
detrimento das urgências.
A partir da prática do segundo hábito (“começar com o
objetivo em mente”), podemos reconhecer com mais facilidade as tarefas
importantes, aquelas que devem ser resultados de nossas escolhas conscientes e
ações planejadas. Para controlar as urgências, ou seja, aquelas atividades
que exigem nossa atenção imediata, devemos nos dedicar ao primeiro
hábito (“ser proativo”). É estando proativamente no comando da
própria vida que podemos planejar nossas tarefas, fazendo escolhas mais
alinhadas com nossos valores e evitando o estresse e a frustração típicos de
quem vive apagando incêndios.
Para melhor conhecer a natureza de nossas ações segundo
o “Princípio Eisenhower” e compreender onde de fato investimos o
nosso tempo, Covey propõe uma ferramenta simples e eficaz: a Matriz
Urgente-Importante. Trata-se de uma grade composta por quatro áreas, que nos
permite dividir as tarefas de acordo com a importância e a urgência de cada
uma. Basicamente, o que temos de fazer é distribuir todas as nossas
atividades ao longo dos quatro quadrantes da matriz, de acordo com os critérios
de urgência e importância indicados na figura abaixo:
Para o Quadrante I irão todas as tarefas que são
importantes, mas que por imprevistos, falta de prevenção ou má gestão
do tempo, tornaram-se também urgentes. Incluem atividades como projetos
atrasados, reuniões de última hora, crises ou mesmo emergências de saúde.
Quando temos a maior parte de nossas ações localizadas nessa área, tendemos a
nos sentir estressados e ansiosos, muitas vezes por vivermos apenas
administrando problemas e nos movendo de uma crise para outra.
O Quadrante II será composto pelas tarefas
importantes, mas com tempo hábil para serem executadas. Por não terem o aspecto
da urgência, é comum que acabem recebendo pouca atenção da maioria das pessoas,
mas é o mais valoroso quadrante da matriz. Aqui permanecerão as atividades
relacionadas ao planejamento estratégico, desenvolvimento
pessoal e profissional, aumento de competências, avaliação de riscos, bem
como quaisquer ações concernentes a uma boa qualidade de vida. O tempo gasto
nesse quadrante é, em geral, de qualidade. A sensação de controle que as
atividades planejadas nos proporcionam ajuda a lidar com a maioria dos
problemas antes que eles surjam e a permanecer com foco no que realmente
importa.
No Quadrante III serão incluídas tarefas urgentes,
mas sem importância. Aqui residem as interrupções que, por vezes, nos levam a
perder tanto tempo, como telefonemas que precisamos atender, reuniões sem
importância, relatórios desnecessários, pessoas que temos de dar atenção
imediata, ou mesmo checagem excessiva de e-mails. Quem tem grande parte de suas
atividades nessa área tende a se sentir improdutivo e impotente diante de
tantas demandas externas e da falta de controle sobre suas ações.
Por fim, para o Quadrante IV irão as atividades
que não possuem urgência e nem importância. São as distrações, representadas
por tarefas como trocas de mensagens irrelevantes, mau uso das redes sociais,
televisão em excesso, jogos eletrônicos em momentos inadequados ou mesmo
pensamentos de autocrítica. Geralmente é um tempo mal gasto, e em muitas
ocasiões as ações desse quadrante se devem à procrastinação ou fuga. Quando
dedicamos muito tempo a essa área da matriz, tendemos aos atrasos em nossos prazos
e comumente utilizamos a falta de tempo como justificativa para não realizar as
tarefas mais importantes. Cansaço, falta de energia e até depressão podem ser
sintomas de quem tem a maior parte de suas atividades localizada nesse
quadrante.
O mais importante aqui é fazer um inventário coerente de
todas as atividades cotidianas e distribuí-las corretamente na matriz, para que
possamos clarificar de que forma utilizamos o tempo e direcionamos nosso foco.
Após concluída essa tarefa, devemos simplesmente nos questionar: em
qual quadrante concentramos um maior número de atividades e dedicamos mais
tempo? Pessoas eficazes e proativas gastam a maior parte do seu tempo no
segundo quadrante, mas se esse não for o nosso caso, cabe uma reflexão sincera.
Se o nosso tempo estiver sendo utilizado predominantemente
no Quadrante I, até que ponto nos deixamos ser escravizados pelas crises e
como gerenciamos o estresse? Caso nossa vida esteja sendo monopolizada
pelas interrupções do Quadrante III, não seria hora de aprender a
dizer “não” para os outros? Mas se a maior parte das ações
estiver concentrada nas distrações do Quadrante IV, que tal encontrar
formas de dizer “não” para si mesmo? O último passo é fazer os
ajustes necessários para priorizar as tarefas mais relevantes e se comprometer
com as mudanças essenciais à meta.
A Matriz Urgente-Importante é uma ferramenta
poderosa de gestão de tempo e priorização de atividades, que pode ser utilizada
por coaches, para ajudar clientes a serem mais focados e organizados, ou por líderes,
para obter melhor desempenho de seu time. É um modelo simples o suficiente para
ser utilizado também por não-profissionais interessados em melhorar sua vida
produtiva ou mesmo para grupos fechados, em oficinas ou dinâmicas sobre
produtividade pessoal.
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