Sem perceber, somos obrigados a fazer
um enorme número de escolhas todos os dias.
Escolhemos a hora em que vamos
acordar, a roupa que iremos usar, o que comeremos em nosso café da manhã
(isso se tivermos escolhido tomar café, é claro!). Escolhemos com quem vamos
interagir, a quem vamos sorrir, que ligações iremos retornar.
Além dessas coisas aparentemente
pequenas, fazemos também as grandes escolhas. Todos os dias escolhemos
novamente sair para trabalhar, ou nos relacionarmos, ou estudar, e por aí
vai.
Imaginem o quanto uma pessoa indecisa
pode acabar se vendo em maus lençóis!
Podemos pensar em vários graus de
indecisão.
Existem aquelas pessoas que ficam
horas dentro de um provador de roupas olhando para duas cores de camisa e
saem de lá sem nenhuma (ou com as duas!) porque simplesmente não conseguiram
escolher. Existem aqueles que passam a vida em um emprego medíocre porque não
conseguiram tomar a decisão de arriscar quando uma outra oportunidade surgiu.
Existem pessoas que se atrapalham todas nos relacionamentos porque não
conseguem saber quem realmente desejam ter a seu lado, seja como amigo,
amante ou namorado.
Quanta confusão!
Quando éramos pequenos, antes de
sermos transformados em mini-robôs, todos nós sabíamos exatamente o que
queríamos. Sabíamos se queríamos o colo de nossa mãe ou daquela tia chata que
apertava nossa bochecha.
Sabíamos se gostávamos de sopa de
ervilha ou de batatas fritas - essa era fácil! Sabíamos se preferíamos morder
a bola ou a orelha do gato. Nada difícil!
O que aconteceu conosco então? Como
acabamos nos transformando nesse poço de confusão incapaz de escolher entre
azul e amarelo?
A resposta que me ocorre é que nos
perdemos...
... nos perdemos de quem de verdade
somos
... nos perdemos daquela força
natural de vida que nos leva a escolher.
1º) Nos perdemos de nós
mesmos quando damos atenção demais à opinião dos outros.
Em algum momento da vida todos nós
sofremos algum tipo de pressão para sermos o que era esperado de nós. De
alguns era esperado que fossem sempre cordatos e compreensivos. De outros,
que fossem fortes e inflexíveis. Não importa quais fossem as expectativas, é
certo que todos nós tentamos cumpri-las em algum momento, lá atrás.
No entanto, chega um momento de
nossas vidas em que precisamos enxergar que, por mais que nos esforcemos,
nunca satisfaremos a todas as pessoas. NUNCA! Entender isso nos liberta para
sermos simplesmente quem somos, para fazer as nossas escolhas, mesmo que não
agradem a quem está à nossa volta.
No entanto, essa libertação às vezes
é mais difícil para algumas pessoas, que continuam tentando agradar,
corresponder, acertar... e lá vem a indecisão.
Chega de tentar agradar... você
gostou do vestido amarelo com estampas de girassol? Compre-o, mesmo que sua
mãe acha amarelo uma cor horrível. Quer a gravata de zebras? Arrisque, crie
seu estilo, seja quem você é.
2º) Nos perdemos de nossa força de
vida quando temos medo de errar.
Se você teme errar acaba ficando
sempre parado no meio do caminho entre o verde e o amarelo, entre a praia e a
montanha, entre o pão de forma e o croissant. É triste, porque na verdade não
existe essa coisa de erro e acerto. Mesmo que você devore um croissant todo
cheio de manteiga e acabe passando mal, terá aprendido e crescido com isso,
então de alguma maneira foi um acerto para você. Não há vida sem que corramos
riscos. Se você aceitar isso, se estiver em paz com o fato de que errará
algumas vezes (talvez muitas!), nunca irá diminuir a sua força vital com medo
que ela atraia alguma
situação perigosa na sua direção.
Muitas pessoas “escolhem” não
escolher, sem se dar conta de que essa é uma escolha também.
É uma fuga, como se apagassem seu
próprio brilho, o deixassem bem fraquinho, tão fraquinho que não tem sequer
força para ir em uma ou em outra direção. Não faça isso... acenda sua luz,
nem que seja para cometer um erro luminoso. Ao menos estará vivendo,
aprendendo, crescendo.
Treinando escolhas
(Um cuidado: Casos mais graves de
indecisão tem sido associados a depressões. Se esse for seu caso, se não
conseguir escolher nem mesmo as coisas mais simples, como levantar-se de sua
cama, busque ajuda em primeiro lugar.)
Para quem já não escolhe há tempos
talvez a capacidade de escolher esteja um tanto enferrujada. Talvez você
realmente não saiba nem por onde começar. Assim, depois de compreender um
pouco o que o levou a negar a si mesmo, só lhe resta praticar:
Comece parando de abrir mão de
escolher! Mesmo se não souber o que quer, invente! "chute"!
arrisque!
Sabe quando seus amigos estão se
reunindo para almoçar e alguém lhe pergunta:
- O que você gostaria de comer?
Bem, resista...
(resiiiiiiiiiiiiiiiiiista) a dizer - “Você é quem sabe!”
Tudo menos isso!!!
Dê um mergulho até seu estômago e
pergunte-lhe o que gostaria, e se não tiver resposta... "chute"!
Isso provocará algumas interessantes
mudanças em você. Seus neurônios ficarão intrigados e comentarão uns com os
outros:
- Tçdk jkhad? Iwaehe j (weu rd) ewfh
weiohfo? (* língua de neurônios)
*Tradução: - “Como assim? Agora ele
(ou ela) decidiu escolher?
Sairão correndo para lá e para cá,
estabelecendo novas conexões. Talvez até convoquem uma reunião de emergência
em sua mente! Uma mudança começará acontecer, pois você estará enviando a si
mesmo a mensagem de que é alguém que sabe escolher. (Obs: não deixe que seus
neurônios ou amigos saibam que está "chutando"!).
Aprenda também a prestar atenção nas
suas sensações corporais, elas são ótimas auxiliares. Então quando lhe
perguntarem:
“Você prefere almoçar no parque ou em
um o matadouro?”
Imagine-se caminhando pelo parque, em meio à natureza... e depois pelo matadouro... preste atenção nas sensações corporais e perceba qual opção lhe traz uma sensação de mais conforto, e então... bingo! arrisque sua escolha.
Eu sei que esse exemplo foi um
"golpe abaixo da cintura", afinal nesse caso não é tão difícil
escolher... mas com a prática e uma boa dose de boa vontade você aprenderá.
Tudo o que você precisa é fazer uma
primeira escolha.
Só para ajudar:
- Você prefere tentar ou desistir? |
http://www2.uol.com.br/vyaestelar/indecisao.htm
por Patricia Gebrim
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